Cerca de 40 funcionários da sede de Guarulhos da Fundação para Remédio Popular (Furp), maior fabricante pública de medicamentos do Brasil, irão nesta terça-feira, 1º/10, até a Assembleia Legislativa, na Capital, para conversar com deputados sobre a possibilidade de fechamento da fundação, que também possui unidade na cidade de Américo Brasiliense, na região de Americana.
Segundo representantes desses trabalhadores, o governador João Doria (PSDB) prepara um decreto para encerrar as atividades da Furp e a proposta deve ser enviada, em breve, ao legislativo estadual.
De acordo com Alexsander Caetano, integrante da comissão que representa os funcionários da Furp em Guarulhos, o encerramento dos trabalhos da fundação acabaria com 870 empregos diretos e 300 indiretos. "O impacto maior, no entanto, seria em relação à população dos 645 municípios paulistas que ficariam sem os remédios fabricados pela fundação", afirmou. A ideia de se reunir com os deputados estaduais, de acordo com Alexsander, é justamente sensibilizar os parlamentares sobre os efeitos negativos causados pelo possível fechamento da Furp. A comissão estará acompanhada de vereadores de Guarulhos.
O GuarulhosWeb questionou a Secretaria Estadual de Saúde sobre o futuro da Furp. A pasta emitiu o seguinte comunicado: "A Secretaria de Estado da Saúde preza pelo uso racional dos recursos públicos e tem realizado estudos técnicos para otimizar sua rede, de forma a garantir estruturas mais completas e eficazes para atender a população. Desde o início do ano, estão em curso análises relacionadas à Furp (Fundação para o Remédio Popular) e qualquer medida que venha a ser adotada priorizará a garantia do fornecimento gratuito dos medicamentos à população e, até o momento, não há qualquer definição quanto a mudanças.", afirmou.
CPI apura possíveis irregularidades na Furp
A Alesp instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar possíveis irregularidades na administração da fundação. Desde o mês de abril, deputados estaduais têm questionado autoridades com o objetivo de identificar os motivos da dívida que gira em torno dos R$ 100 milhões.
No mês passado, o secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann, afirmou na CPI que a Furp poderia parar de fabricar remédios, caso ficasse provado que a fundação "dá prejuízo ao Estado".
"O que nós temos como objetivo é parar de produzir medicamentos caso o relatório prove que a Furp dá prejuízo para o Estado. Se isso vai levar ao fechamento da Furp é um próximo passo. Também temos que considerar que existem mil trabalhadores nas duas fábricas e eles são funcionários públicos, têm estabilidade e têm que ser respeitados. Por isso vamos tratar tudo da forma mais transparente possível", disse Germann à época.